Hoje conversava com amigos no trabalho sobre essa tal crise aos 30 anos e como pode se manifestar em cada um de nós.
Não sei bem ao certo como e quando ocorre, o fato é que algumas coisas vão se modificando. Acho que é parecido com a adolescência, fase onde saimos da infância para a juventude. E nesse momento estamos, segundo Piaget, numa fase hipotético-dedutiva e começamos a relacionar os fatos criando hipóteses para explicar ou solucionar nossos problemas. Daí, nossa cabeça vai a 1000 e muitas mudanças ocorrem. Mas depois dos 30 anos uma nova fase, ao meu ver, começa a chegar.
Nesse novo momento, diferente da adolescência, estamos muito mais maduros e conscientes do mundo a nossa volta. Acredito que a constatação da nossa fragilidade e da contagem do tempo que agora nos parece regressiva trás algumas reações adversas. A vontade, mesmo que inconsciente, de resgatar as oportunidades e voltar a condição de tenra juventude onde se tem a sensação de ter o mundo em nossas mãos. Isso nos faz agir de modo estranho e até inconsequente.
Viver é um processo muito louco. A mente humana uma máquina de sonhos e terror. Cada dia começo a me convencer que terapia é uma boa ajuda para passarmos por essas fases sem que façamos granes estragos e atingirmos a melhor idade com uma boa saúde física e mental.
"...Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a apena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer."Lya Luft
