Religar

Venho de uma família religiosamente mista. Tenho, em par, pai e irmão espíritas, mãe e outro irmão católicos e por fim um outro irmão e eu evangélicos. Dentro dessa diversidade de idéias eu nasci.

No início acompanhava minha mãe às missas matutinas do domingo, no horário separado para crianças. Com ela ao meu lado tive os primeiros passos no cristianismo. Como todas as crianças alí, fui encaminhado para o curso de preparo para a primeira comunhão. Lembro das aulas ministradas pela saudosa Dona Rute, que foram valiosas na contrução do caráter e valores que tenho hoje. Mas também não era muito santinho, pois lembro de aprontar com Jaqueline naquelas salas de aula. Infância aproveitada para se ter apenas a saudade gostosa e das experiências divertidas de traquinagens de moleques.

Há dois domingos atrás estive na Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, ao lado do Rio Sul. Depois de muitos anos, afinal aos 12 anos me decidi a seguir a Cristo na igreja evangélica e nunca mais tive a oportunidade de visitar por livre vontade uma igreja católica. Hoje muito mais maduro e consciente dos valores e símbolos nos vitrais e imagens posso apreciar e aproveitar da riquezas que recheiam mais de 2000 anos de história.

Além de todo o visual pude receber da liturgia, que vem sempre muito bem conectada e didaticamente construída. Alí, falei com Deus e agradeci por todas as bençãos que tenho recebido e pela oportunidade de viver tal experiência sem que o preconceito fosse obstáculo.

Não pretendo ser católico novamente, mas voltarei todas as vezes que sentir que preciso ter um encontro com Deus naquele ambiente singular. Com o tempo aprendi que mais que muros e construções faraônicas ou ideologias, a experiência de religar e reaproximar é o que importa. Para isso é necessário apenas abrir o coração e o resto será apenas pano de fundo.