terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal 2013

Este Blog foi feito pra deixar impressões do ontem, do hoje que se tornará ontem e para o amanhã que pode negar o hoje.  Seguindo essa ideia gostaria de pensar um pouco no que tenho de valor sobre o Natal de hoje, ontem e amanhã.
Recordando as fases dos Natalinas, logo me recordo do dia em que montava a árvore de natal acompanhado do meu irmão Alexandre, deveria ter a idade de 7 anos. Ela era feita de galhos robustos e secos os quais enfeitávamos de algodão para que se imitasse a neve que nunca vi. As bolas vermelhas e grandes eram de vidro e se quebravam com muita facilidade e os piscas-piscas eram de lâmpadas do formato de papai noel, uma relíquia. Ficava empolgado com toda aquela magia natalina tentando ler cada cartão de natal que ia compondo nossa bela e humilde árvore. Naquele tempo de inocência cada presentinho era uma emoção, as comidas eram sensacionais até porque só eram servidas em datas festivas. Nesse dia, lembro que passei mal de tanto rir das bobeiras que ouvia do Alexandre, chegando a suplicar que parasse. Embora fossem tempos difíceis, via minha família como o centro de tudo. Na verdade não existia para mim nada mais. Mesmo sendo uma época marcada por muito sofrimento posso considerar que dali saiu minha referencia familiar.

Alguns anos a frente, aos 13 anos, comecei a frequentar uma igreja evangélica. Como ainda hoje é, naquele tempo o forte das festas natalinas eram as cantatas. Lindas apresentações eram feitas ao ar livre e passávamos meses antes ensaiando para que tudo fosse perfeito. Sempre era escalado para ser pastor de ovelhas, as roupas típicas dos judeus da época de Jesus me deixavam um pouco envergonhado, mas ainda assim desfilava pra lá e pra cá. Ficava emocionado com as canções , belas canções, que ainda são usadas nas festividades atuais. Foi um momento de rupturas já que basicamente toda minha família era católica e não aceitava minha "nova" fé. Muito bombardeado por eles, passei a não aproveitar com tanto entusiasmo as ceias familiares e me destacar radicalmente. Mesmo mais religioso não conseguia agir de forma diferente, pois todos reprovavam essa minha nova e autentica convicção religiosa.

Quando passei a ser adulto e trabalhar, o natal tomou a forma comercial que conhecemos hoje. O importante já não era mais a ternura e magia da data e sim os presentes e bebidas. Lembro que permanecia em mim a postura de viver o meu mundo, minhas festas e amigos reservando pra a família apenas o necessário, ou seja, o protocolo. No meio deste percurso da adolescência e maturidade adulta vi meus pais se separarem e vivemos situações muito humilhantes, mas não posso negar que a presença da família da minha mãe foi muito bonita. O apoio de todos foi primordial para aquele período conturbado de separação e crise financeira fosse completamente superado. Por este e outros motivos o natal foi ficando meio triste e opaco, baseado muito mais nas coisas materiais no que de fato deveria ser.

Chegando aos 30 anos essas datas foram ficando mais emotivas para nós. Algumas pessoas que conhecíamos não estavam mais no nosso meio. Acampava em nossos pensamentos a sensação de que deveríamos aproveitar mais cada momento. Fazia questão de passar com minha mãe e irmão, pois até hoje são essa referencia que ficou da família, a minha família. Trocávamos presentes, mas não colocávamos mais essa importância material. As árvores permaneceram sendo símbolo dessa época, mas agora mais arrojada e com enfeites comprados e modernos.

Hoje, véspera de Natal, estou em casa sozinho e me programando para as visitas de logo mais. Minha mãe e irmão estão juntos, porém longe daqui. Eles adoram todo este ritual da noite, da ceia, presentes e as músicas natalinas. No fundo os admiro, já que da minha parte encaro o dia com uma naturalidade que se não fosse feriado se assemelharia a um dia comum. O motivo religioso não me move mais, entendendo que a devoção deve ser vivida diariamente, o espírito adorador deve ser parte de nós e que os presentes, comidas e a magia podem ser vividos o ano inteiro.

Dos natais que virão não sei dizer! Pode ser que com este breve e singelo histórico eu já tenha uma prévia do que me aguarda mais a frente, mas também pode acontecer um retrocesso fantástico de todos os símbolos e dessa magia. Quem sabe?

Desejo a todos um Feliz Natal! Curtam o natal de hoje, pois o próximo com certeza será diferente.

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